terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quem Foi Fulgencio Manoel da Silva?

Fulgêncio Manoel da Silva


Em agosto de 36, em Floresta, em terras pernambucanas, nascia Fulgêncio Manoel da Silva. Sua vida política não tardou a desabrochar e foi no movimento sindical que Fulgêncio se destacou. De 70 a 88, fez parte da direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Floresta. Em 79, no início da luta pelo reassentamento de Itaparica, participou da articulação de sindicatos regionais para fundar o Polo Sindical. Esteve em vários atos coordenados pelo Polo Sindical dos Trabalhadores do Submédio São Francisco, em defesa dos direitos dos trabalhadores rurais atingidos pela construção da usina de Itaparica. Sua interferência junto à CHESF contribuiu decisivamente para garantir aos atingidos o direito de novas casas em agrovilas, lotes irrigados, área coletiva para agricultura, indenizações, linhas especiais de crédito para os reassentados, assistência técnica e participação direta das comunidades e entidades sindicais nas diferentes fases do processo de relocação. Em 1988, foi escolhido diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria da Boa Vista e também candidato a prefeito da mesma cidade, pelo PT.

Devido ao seu trabalho na região do São Francisco e suas denúncias contra o crime organizado no sertão de Pernambuco, foi indicado para integrar a diretoria do Movimento Nacional de Atingidos por Barragens - MAB, no triênio 90/93. Integrou ainda a diretoria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco. Em 96, foi candidato do PT ao cargo de vice-prefeito de Santa Maria da Boa Vista.

Fulgêncio foi assassinado em 1997. Pertencia então à direção do Polo Sindical, era presidente do PT no município de Santa Maria da Boa Vista, presidente da Associação dos Produtores Rurais do Norte do Projeto Caraíbas, e membro da Diretoria Executiva do MAB. Por decisão dos companheiros, o Projeto Caraíbas passou a ser chamado Projeto Fulgêncio.

Na sua fecunda carreira política, participou de diversas audiências públicas e de muitas ações em defesa dos direitos dos trabalhadores. Foi também poeta e autor de folhetos de cordel, nos quais criticava os políticos conservadores do Nordeste. Ao defender o direito das populações atingidas pela construção de barragens e hidrelétricas, Fulgêncio antecipou-se ao movimento ambientalista que hoje quer nortear a implantação de grandes obras e o conseqüente deslocamento das populações. Apesar de defender e praticar uma luta não violenta, foi vítima do poder criminoso e da odiosa omissão dos governos.

Em 1995, agradecia a Deus por lhe conceder a vida e pedia forças para lutar destemidamente pelo mundo novo, e por terra, casa e comida para nossa gente. Sua bravura e solidariedade nos animam. Agora, em seu eterno repouso, nas palavras de um companheiro, “ deve estar mais Castro Alves fazendo versos p’ra Cristo ”.

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